O cenário cômico recebe o stand up

Com o surgimento das peças dramáticas na Grécia antiga, o teatro passou a ser uma forma de manifestação social. Com roteiros voltados para a educação e para a crítica política, essa arte começou a transmitir um valor cultural aos cidadãos e, também, transformou-se numa forma de diversão a todos.

Hoje, há vários gêneros teatrais que vão crescendo de acordo com o interesse do público que “consome” essa arte. Mesmo que o público se interesse pelo que está na mídia, muitas pessoas buscam grupos e artistas que abordem os temas sociais e cotidianos de forma mais simples e cativante.

Dessa forma, no cenário cômico mundial, e principalmente brasileiro, está em foco atualmente o stand up comedy. A expressão em inglês – que indica o humor feito por um comediante sozinho, em pé no palco sem o auxílio de jogos de cena –, define uma modalidade cômica que vem sendo reinventada pelos novos comediantes, muitos deles jovens, que se dedicam à arte de fazer as pessoas rirem. O stand up comedian, também conhecido como humorista de cara limpa, tem como armas apenas o microfone e o conhecimento de mundo obtido através da observação do cotidiano e, por isso, o sucesso do espetáculo depende da abordagem que ele faz dos temas que escolhe para compor sua apresentação.

Muitos atores de sucesso no cinema e TV, como Jim Carrey, Whoopy Goldberg, Billy Cristal, Bill Cosby, Richard Pryor, Ray Romano, Dana Carvey, Robin Williams e Eddie Murphy, tiveram o mesmo começo promissor na arte de falar besteira em público. No Brasil, o stand up surgiu em 1970, na forma de one man show, que permitia a incorporação de músicas e personagens. O pioneiro foi José Vasconcelos, logo seguido por Jô Soares e Chico Anísio. Hoje, a nova geração inclui Fernando Ceylão, Bruno Motta, Rafinha Bastos, Oscar Filho, Danilo Gentili, entre outros.

Na região norte-mineira, os humoristas Dú Novaes e Fernando Coelho estrelam um espetáculo genuinamente montesclarense, transformam em piada o comportamento de figuras já conhecidas do dia-a-dia do brasileiro, através de um humor caricato, tentando se aproximar do stand up. Apesar dessa contextualização dos personagens da comédia e da qualidade do trabalho dos artistas, o espetáculo da dupla não se classifica estritamente como stand up por que não apresenta características primordiais do gênero, como a ausência de suporte sonoro e figurino, se apresentar sozinho e não representar personagens. Já experientes no teatro cômico, esses dois artistas, fogem do humor de anedotas e abordam de forma bem característica e versátil, temas como futebol, política, casamento, etc. A maioria das pessoas que assistiram o espetáculo elogiaram o trabalho da dupla e diz sentir falta de mais incentivos ao teatro e à comédia na região, principalmente aos artistas locais.

O público montesclarense espera que o trabalho “Humor de quinta com qualidade de primeira” seja apenas o primeiro de muitos outros espetáculos de comédia na cidade, pois o teatro humorístico ganha valor através da qualidade dos profissionais garantindo sucesso junto ao público que o aprecia.

Constata-se que em Montes Claros, assim como em todo pais, o interesse pelo standu up é grande, mas perde no quesito quantidade. Enquanto em São Paulo, por exemplo, há o Clube da Comédia Stand Up e inúmeros outros artistas da modalidade, bem como diversos espetáculos periódicos, aqui há poucas manifestações da arte cômica. O projeto Quinta do Humor, do produtor André Carvalho, busca promover um círculo de eventos e espetáculos que é composto por um humor contextualizado e também regional.

Assim, será possível reeducar o público de massa da região de Montes Claros a apreciar o trabalho dos artistas regionais que vem se dedicando intensamente ao aprimoramento do seu talento e precisam de espaço para expor seus trabalhos tanto do gênero dramático quanto no stand up, proporcionando uma vasta programação cultural ao alcance de todos.

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